Desde 2017, o Intervalo – fórum de arte propõe atividades para discutir e (re)pensar perspectivas para o campo das artes refletindo sobre transformações, compartilhando experiências, revendo questões e prioridades pertinentes ao contexto artístico local e nacional. Partindo dessa perspectiva, anualmente criamos um ciclo temático, construído a partir do contato com seus interlocutores e com os debates realizados no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia. Em 2018, realizou o ciclo intitulado “Porque bienal?” que discutiu em um conjunto de entrevistas e debates as trocas, trânsitos, práticas e relações de poder que envolvem a realização de uma bienal de arte. A partir dos encontros e entrevistas foi gerada uma equipe de colaboradores um grupo de participantes. Em 2019, realizamos o projeto Fluxos: acervos do Atlântico Sul, que compreendeu acompanhamentos de pesquisas artísticas dedicadas a explorar os acervos de Museu Afro-brasileiro da UFBA e da Casa do Benin.
Por que bienal?



Afim de propôr reflexões sobre a proliferação e questões geopolíticas das bienais de arte, foram realizadas entrevistas e debates em parceria com o Goethe-Institut Salvador-Bahia. Como as bienais se diferenciam? Qual posição ocupam no mundo das artes? Nas últimas décadas, as perspectivas universalistas/idealistas/nacionalistas têm sido questionadas e substituídas por outras que buscam interferir nas instâncias de produção e distribuição de conhecimentos, participando da construção de narrativas alternativas e dialogando com outros públicos. Estas transformações ocorreram paralelamente à multiplicação e diversificação das bienais de arte. Sendo assim, quais os desafios das bienais realizadas a partir da perspectiva Sul? Elas se distinguem? Elas têm a capacidade de modificar as narrativas, o mapa e os fluxos das artes?




Fluxos: acervos do Atlântico Sul
O projeto propôs analisar e criar outros fluxos e mobilidades produzidas entre os países do Atlântico Sul e discutir a formação e os discursos que perpassam os acervos e exibições do Museu Afro-brasileiro da Universidade Federal da Bahia e a Casa do Benin. O primeiro reúne um acervo fruto de deslocamentos de Pierre Verger entre países africanos e o Brasil, e o segundo, um acervo construído também por Pierre Verger, incluindo o intuito de reatar relações diplomáticas e promover trocas horizontais e recíprocas entre o Benin e o Brasil. As atividades englobaram um ciclo de debates realizado em parceria com o Goethe-Institut Salvador- Bahia, o acompanhamento de processos artísticos, oficinas e outras ações realizadas na Casa do Benin e no Museu Afrobrasileiro, além de uma exposição, realizada com o apoio financeiro da Fundação Gregório de Mattos.




Para acompanhar o desenvolvimento das atividades e conhecer mais os artistas participantes dos processos de investigação artística selecionados, acesse o blog do projeto https://fluxosdoatlanticosul.wordpress.com
Exposição Nkaringana
A exposição Nkaringana, inaugurada no dia 29/11/19 no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia – MAFRO/UFBA e no dia 30/11/19 na Casa do Benin, apresentou processos de investigação artística realizados em diálogo com os acervos dos dois lugares.
Sete projetos de investigação foram selecionados em uma chamada realizada entre junho e julho deste ano. Durante quatro meses ocorreu uma série de atividades, de modo a criar um ambiente propício para o desenvolvimento da pesquisa de cada participante. Houveram seminários, debates coletivos realizados em parceria com o Goethe-Institut Salvador-Bahia e encontros com interlocutores, entre estes curadores, artistas visuais, pesquisadores e escritores, possibilitando a interlocução com diversos pontos de vista. A exposição resultante desse processo, com a contribuição de convidadas(os), procura fomentar olhares reflexivos e estimula abordagens contemporâneas das artes visuais para ativar outras perspectivas sobre o acervo.